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Nº 5859
Rural

Crescem operações de crédito na pandemia

Setor do agro, que não parou por conta das restrições provocadas pela Covid-19 e que foi um dos segmentos de destaque na economia nacional, também teve ampliação de contratação de crédito

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 05/09/2020 - Matéria atualizada em 05/09/2020 às 04h00

/Recursos são usados por produtores rurais em investimentos para aumento da produção
/Robson Oliver lembra que Banco do Brasil, por meio do Plano Safra, teve mais de R$ 300 milhões disponíveis para atender o agropecuarista alagoano
/Sidinei Reis destaca que novos créditos refletem o bom desempenho do setor rural e seu importante papel na retomada da economia

A pandemia da covid-19 lançou desafios em todos os setores da economia com obstáculos sendo superados a cada dia diante deste “novo normal”. No agronegócio, apesar de ter sido um dos segmentos com melhor desempenho econômico nestes meses de restrições causadas pelo coronavírus, as dificuldades se fizeram presentes e o incentivo financeiro a produção se tornou uma ferramenta indispensável ao setor que garantiu o alimento na mesa do alagoano.

Neste cenário, o acesso ao crédito rural não foi interrompido por conta da pandemia e ao invés de terem sido registradas quedas de contrações, as instituições bancárias oficiais, que realizam este tipo de operação, registraram uma ampliação de operações. 

No Banco do Brasil, por exemplo, houve ampliação do crédito concedido. Em comparação aos valores de crédito rural emprestados no Estado – no período de março a agosto deste ano em relação ao mesmo período do ano passado – houve um incremento de 35%.

“As propostas estão sendo acolhidas nos correspondentes bancários agro, que também são assistências técnicas rurais. O envio para o banco é eletrônico e na agência é feito a análise do crédito, quando o contrato está pronto e impresso, agendamos com o produtor, ele assina e os valores são liberados. Este fluxo, tem evitado aglomeração e viabiliza apoio ao setor que é responsável pela segurança alimentar do país”, afirmou Robson Oliver, gerente de Mercado AGRO da Superintendência regional de Alagoas.

Recursos são usados por produtores rurais em investimentos para aumento da produção
Recursos são usados por produtores rurais em investimentos para aumento da produção - Foto: Divulgação
 

De acordo com ele, o banco está - cada vez - mais próximo das empresas de assistência técnica, promovendo encontros virtuais com estes parceiros, acreditando que o crédito orientado pelas assistências técnicas é fundamental para a evolução de uma agropecuária economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. 

Esse apoio ao crédito promete continuidade. Em junho passado, o Governo Federal lançou o Plano Safra 20/21 com o Banco do Brasil tendo mais de R$ 300 milhões disponíveis para atender o agropecuarista alagoano. Neste contexto, os créditos podem contemplar desde operações de custeio, como também de investimento e de comercialização da produção agropecuária. Os juros variam de 0,5% a 7,5 % a.a.  

Para o Banco do Brasil, que é um dos principais financiadores do setor, Alagoas está dando passos largos no sentido de diversificar as culturas produzidas, o que representaria menos riscos climático e de preço, deixando a agropecuária alagoana mais propensa a receber apoio creditício das instituições financeiras. Neste cenário, o Banco do Brasil já financiou, por exemplo, produtores de soja nos municípios de Porto Calvo e Paripueira. 

“Somos entusiastas e apoiadores da diversificação da agropecuária alagoana, estamos vendo o movimento de grãos como promissor e o banco pretende destinar ainda mais recursos para financiar a produção no Estado. As pesquisas estão avançando capitaneadas pela Embrapa; os zoneamentos agrícolas estão chegando a novos municípios e para novas culturas, o que representa maiores possibilidades para o produtor trabalhar amparado por seguros rurais. Se depender do BB, não vai faltar crédito”, destacou o gerente de Mercado AGRO. 


Foto: Divulgação
 

BNB

As contratações com o setor rural realizadas pelo Banco do Nordeste em Alagoas somaram R$ 188,5 milhões até o mês de julho, um crescimento de 42% em comparação com o mesmo período de 2019. 

A maior alta se deu nos financiamentos destinados à agroindústria (80%), seguida por atividades agrícolas (70%) e pecuária (28%). Contribuíram para o resultado regiões que intensificaram operações com agricultores familiares, como Palmeira dos Índios, Viçosa, Olho D’Água das Flores e Batalha, e com pequenos e miniprodutores rurais (PMPR), a exemplo de Santana do Ipanema, Penedo, Coruripe e Mata Grande.

Para o superintendente estadual do BNB em Alagoas, Sidinei Reis, a busca por novos créditos reflete o bom desempenho do setor rural e seu importante papel na retomada da economia. 

“Mesmo no contexto atual de crise em decorrência da pandemia, estamos com resultados promissores tanto na agricultura, como na pecuária e agroindústria, o que nos deixa otimistas frente à recuperação econômica do Estado e ao nosso papel de principal financiador dessas atividades. O empenho das equipes também é fator preponderante para a performance alcançada”, avaliou Reis.


Robson Oliver lembra que Banco do Brasil, por meio do Plano Safra, teve mais de R$ 300 milhões disponíveis para atender o agropecuarista alagoano
Robson Oliver lembra que Banco do Brasil, por meio do Plano Safra, teve mais de R$ 300 milhões disponíveis para atender o agropecuarista alagoano - Foto: Divulgação
 

Panorama

Quanto à distribuição dos recursos, Sidinei Reis enfatizou que 70% dos financiamentos rurais realizados pelo banco no Estado, nesse período, foram para a agricultura familiar, microempreendedores rurais e pequenos e miniprodutores, o que, segundo o gestor, denota a importância desse crédito para geração de emprego e renda no campo e sua destinação majoritária a quem mais precisa.

Até o mês de julho, apenas o Agroamigo foi responsável pelo montante de R$ 74,4 milhões em 14.500 operações de crédito, um aumento de 12,5% sobre o resultado de julho de 2019. O maior percentual de crescimento se deu no segmento PMPR, 55% na comparação com o ano anterior.

Fazendo uma análise do crédito rural aplicado nos sete primeiros meses do ano, o superintendente estadual do BNB enfatizou ainda que os recursos voltados a atividades agrícolas tiveram expressivo crescimento para a cultura de grãos, com destaque para feijão e milho, que mais que dobraram em relação a 2019. 

“Na pecuária, o financiamento para bovinocultura de recria e engorda extensiva também se destaca, com incremento de 153% em relação ao ano anterior. Na agroindústria, observamos surgimento de novas atividades como beneficiamento de frutas e hortaliças e a indústria de produtos alimentícios”, esclareceu. 


Sidinei Reis destaca que novos créditos refletem o bom desempenho do setor rural e seu importante papel na retomada da economia
Sidinei Reis destaca que novos créditos refletem o bom desempenho do setor rural e seu importante papel na retomada da economia - Foto: Divulgação
 

PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária apresentou variação positiva de 0,4% no segundo trimestre de 2020, em relação ao primeiro trimestre do ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agropecuária foi o único setor entre os principais setores da economia que apresentou crescimento no segundo trimestre.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a agropecuária cresceu 1,2%. Segundo o IBGE, o índice pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade. As contribuições positivas vieram das culturas de soja (5,9%), arroz (7,3%) e café (18,2%). Já as culturas de feijão (-4%), milho (-0,8%) e mandioca (-0,3%) tiveram contribuições negativas.

No primeiro semestre de 2020, a agropecuária teve desempenho positivo de 1,6% em relação a igual período de 2019.

Em valores correntes, o PIB nacional totalizou, no segundo trimestre, R$ 1,653 trilhão, sendo que a agropecuária somou R$ 125,417 bilhões, à indústria R$ 287,544 bilhões e os serviços R$ 1,064 trilhão.

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