Algodão volta a florescer em Alagoas
Algodão, que está sendo produzido em solo alagoano, também está sendo beneficiado no Estado, revitalizando a cadeia produtiva após um período longo de reclusão na agricultura alagoana
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 28/11/2020 - Matéria atualizada em 28/11/2020 às 04h00
Velha conhecida da agricultura alagoana, a cultura do algodão, após algumas décadas, volta com força ao solo alagoano. Neste cenário de retomada, mais de 390 hectares foram plantados pelo Grupo Santana, obtendo uma produtividade considerada acima da média.
“Após 35 anos, o algodão está de volta a Alagoas. Revitalizamos a cultura no Estado. Este ano, acertamos no tempo do plantio e estamos e estamos obtendo excelentes índices de produtividade. Estamos muito satisfeitos com os resultados”, declarou o empresário Ivanilson Araújo, presidente do Grupo Santana.
De acordo com ele, o algodão que está sendo produzido em solo alagoano, também está sendo beneficiado no Estado. “Arrendamos uma usina em Arapiraca e processamos todo o algodão. Com os resultados positivos, de Deus quiser, no próximo ano, estaremos ampliando a área de plantio do algodão que é um dos símbolos da bandeira de Alagoas”, anunciou.
Segundo Araújo, o algodão é uma cultura de alto valor agregado que tem várias utilidades, na pluma e no caroço. “Temos uma procura muito boa para o caroço. Temos no Estado uma pecuária muito forte de gado de corte e de leite e o produto que era importado da Bahia e do Piauí agora poderá ser adquirido aqui no Estado, em Arapiraca. Com relação a pluma, temos uma empresa no Ceara que compra nosso algodão produzido no Rio Grande do Norte e na Paraíba e agora em Alagoas”, destacou.
Com um mercado firme para a produto, o empresário afirmou que estará ampliando a área de cultivo para mil hectares. “O negócio dá certo. Está comprovado com os resultados obtidos nesta safra. O que nós produzimos, nós processamos. Temos como projeto futuro também fazer a irrigação aqui em Alagoas”, reforçou.
Segundo ele, apesar do sucesso do algodão, as apostas não se concentram em uma única cultura. “Este ano, também plantamos mais de dois mil hectares de milho, além de feijão. Infelizmente, faltou chuva. Se não fosse isso, faríamos uma grande safra, pós colheita de milho. Também plantamos sorgo e, ano que vem, vamos retomar a produção e soja já que o valor agregado, este ano, deu excelente preços”, salientou.
“A cada ano que se passa, estamos ganhando em produtividade. O primeiro, não foi excelente nível de produtividade. Mas, este ano, por excesso de chuvas e falta de luminosidade, acabamos ficando com os mesmos números do ano passado. Trabalhamos de janeiro a janeiro. O agro não para e não pode parar. A gente veio para Alagoas para somar e não para dividir. A cana tem o espaço dela e o grão precisa do dele. Acredito que Alagoas só tem a crescer cada vez mais”, frisou Araújo.
Mecanizada
Além da retomada do cultivo do algodão em Alagoas uma outra novidade surge neste cenário com a colheita do produto sendo realizada de forma mecanizada.
“Temos aqui as tecnologias que são aplicadas nas melhores áreas do Brasil, não apenas em colheita como também em transbordo, armazenamento em campo e beneficiamento. Isso tudo faz parte dessa nova realidade do algodão no Estado”, afirmou Hibernon Cavalcante, presidente da Comissão Estadual de Grãos de Alagoas.
Segundo ele, com o retorno do funcionamento da unidade de beneficiamento da Arapiraca, aliado com os números positivo de produtividade e o apoio do processo de mecanização, Alagoas tende a crescer o cultivo do algodão no Estado. “O algodão está vinculado a nossa história. Ele já esteve, no passado, na zona da mata e no agreste, além do sertão como uma cultura estratégica. Hoje, as novas variedades têm uma adaptabilidade muito forte. Mas, há uma necessidade de empresas de pesquisa, como a Embrapa, possam desenvolver materiais mais superiores que os já existentes”, destacou.
Conab
Para Sérgio de Zen, diretor de Política Agrícola e Informações de Conab, que esteve no município de Anadia, em Alagoas para conhecer a realidade da cultura do algodão em Alagoas, para conhecer novas regiões produtoras e aprimorar o sistema de informação, é fundamental para construir a inteligência de mercado.
“Com isso, podem ser melhor direcionadas políticas agrícolas, investimentos e oferecidos novos horizontes. Essa região de Alagoas é promissora na agregação de valores pela proximidade com os portos e mercados consumidores no Nordeste. Alagoas, no Sealba, é uma nova fronteira agrícola com produtos que agregam valor à produção. O agro não para e abastece o mercado nacional e de outros países, gerando recursos para o Brasil”, salientou.