Cultura da cana volta a viver cenário otimista em Alagoas
Além da alta de preços e de um mercado aquecido, clima e a união de forças entre fornecedores e indústria levou ao setor sucroenergético, principal motor da economia alagoana, a entrar nos trilhos e atrair, mais uma vez, a atenção de setor produtivo
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 19/12/2020 - Matéria atualizada em 19/12/2020 às 04h00
Após amargar um período de desânimo, quando fornecedores abandonaram a cultura em buscar de outras atividades do segmento agropecuário, a cana-de-açúcar começa a dar a volta por cima, passando por um momento positivo e de crescimento. Mesmo diante da escassez de chuvas registrada na safra passada, unidades industriais alagoanas devem repetir ou até mesmo ampliar a quantidade de cana esmagada no ciclo 20/21, processando mais 16 milhões de toneladas de cana.
“Estamos em um momento de esperança. O setor sucroalcooleiro de Alagoas é o que mais emprega no Estado. Mesmo na crise, não deixamos de ser o maior produtor de cana do Nordeste. Estamos de volta aos trilhos, colhendo frutos positivos continuando sendo o motor forte da economia alagoana”, declarou o presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas – Asplana, Edgar Filho.
Segundo ele, o momento atual de otimismo também é reflexo de políticas públicas, a exemplo da redução do ICMS pleiteada e conquistada por meio da parceria firmada entre a Asplana e o Sindaçúcar-AL. “Tivemos que nos unir mais do que nunca. Na crise, juntamos forças e entendemos que somos um único setor. Foi com esse pensamento que conseguimos muitos ganhos junto aos governos estadual e federal para que pudéssemos colocar o setor nos trilhos. As usinas que não conseguiam pagar os fornecedores, hoje, conseguem honrar com o compromisso. Os fornecedores, que abandonaram a atividade por não conseguirem receber o dinheiro pelo fornecimento da matéria prima, estão com vontade de voltar ao setor. Os que permaneceram, estão crescendo mais uma vez, animados e investido no canavial. Tantos os fornecedores, quanto os industriais geram emprego e renda para Alagoas. Com todos fortes, ganha o Estado como um todo”, declarou Edgar Filho, afirmando que os fornecedores respondem por 43% da cana moída no Estado de Alagoas.
Para o representante dos fornecedores alagoanos, em comparação ao ciclo passado, a safra 20/21 deve ter um ganho na quantidade de cana processada. “Devemos repetir a safra anterior com um possível ganho, ultrapassando as 16 milhões de toneladas de cana beneficiadas. Este cenário ainda é bom porque - desde que saímos dos 13 milhões de toneladas de cana - estamos crescendo a cada ciclo e esperamos no ano que vem chegar aos 18 milhões de toneladas de cana processadas graças aos investimentos e ao clima que está muito bom”, prevê.
Para Edgar Filho ainda é cedo para afirmar como deverá se portar a próxima safra da cana em Alagoas. “Ela deve ser mais promissora, mas é muito cedo para afirmar que vai superar a moagem deste ciclo 20/21. Afinal, a gente precisa esperar o que virá de chuva pela frente no período de entressafra. Até setembro, as chuvas têm que ser regulares para que possamos ter uma moagem melhor. Mas, tudo indica que teremos em 21/22 uma safra bem melhor que a atual”, afirmou.
De acordo com o dirigente do setor, níveis pluviométricos maiores que os registrados no mesmo período do ano passado, resultaram em um rebroto da cana muito melhor. “O vigor da cana planta e da cana soca mostra que as chuvas estão mais regulares que o solo está mais molhado com o lençol freático, esse ano, mais abastecido. Quando a gente corta a cana, observa que a socaria vem brotando bem. Não é necessário fazer a replanta”, acrescentou.
Renovação
Neste cenário de otimismo, investimentos vêm assegurando a retomada consistes da cana em Alagoas. Na usina Santo Antonio, por exemplo, áreas que estavam com baixa produtividade passam por um processo de renovação. “Com isso, colocamos variedades de cana mais promissoras. Este ano, vamos plantar 5.500 hectares que correspondem a 18% da nossa área. Nossa meta é atingir, todo ano, uma área de 20% do plantio tanto de inverno, quanto de verão. O ideal para nós é fazer a renovação a cada seis anos de corte”, destacou o diretor Agrícola da usina, Marcos Maranhão.
De acordo com ele, a medida oferece uma garantia de que haverá uma média de produtividade positiva, se o clima também ajudar. “Quando se tem um ano mais seco, a cana mais nova tem um potencial de recuperação maior. Quando o canavial é mais antigo, ele não consegue se recuperar”, esclareceu.
Segundo Maranhão, se os índices pluviométricos permaneceram com a mesma média, a estimativa é que o próximo ciclo possa ser favorecido de forma positiva. “Com isso, podemos considerar que poderemos ter uma boa moagem. Neste ciclo atual, já estamos tendo uma moagem melhor que a da safra anterior. De setembro de 2019 até janeiro passado, foi o terceiro pior período de chuva que tivemos nos últimos 45 anos. Isso contribuiu para a cana desta safra ser ruim e termos uma produtividade mais baixa. Esse verão está bem melhor com chuvas na média e até acima. Com isso, deveremos ter um ciclo 21/22 bem melhor”, esclareceu ele, destacando também a parceria com os fornecedores de cana para o desenvolvimento do setor como um todo. “O fornecedor investe no canavial dele e isso também acaba contribuindo para a usina”, finalizou.