Rural
Manejo varietal é ponto chave para a produtividade no canavial
Em Alagoas, empresas e produtores seguem a mesma tarefa com o objetivo de racionalizar a distribuição das variedades pelo canavial, visando mais produtividade e qualidade industrial


O desenvolvimento de novas variedades da cana-de-açúcar, por meio do programa de melhoramento genético, vem ampliando a produtividade nas lavouras no Brasil, levando - cada vez mais – as usinas e fornecedores de cana a se planejarem de acordo com o perfil produtivo dos seus solos para as atividades de começo, meio e final de safra.
Moderno e dotado do uso de biotecnologias, o mercado dispõe hoje de mais de 500 variedades com clones de cana-de-açúcar voltados para características de produtividade, rusticidade, precocidade, soqueira, além de boa colheitabilidade.
Diante do cenário de regiões que apresentam condições climáticas adversas e a incidência de pragas e doenças, o manejo varietal - sob a utilização de materiais genéticos superiores - é decisivo para a cana, que além de plantas com uma postura mais reta, rica e produtiva, têm uma maior tolerância aos ataques de pragas, assim como uma boa performance em solos mais fracos e maior longevidade.
Em Alagoas, empresas e produtores seguem a mesma tarefa com o objetivo de racionalizar a distribuição das variedades pelo canavial, visando mais produtividade e qualidade industrial.

PMGCA
O Programa de Melhoramento Genético da Cana-Açúcar (PMGCA) Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) atua na pesquisa e exploração de variedades de cana, a exemplo da República Brasileira (RB).
As variedades RB ganharam cada vez mais espaços, sendo aliados do setor sucroenergético no fornecimento de clones resultantes de cruzamentos mais direcionados. O programa está presente em cerca de 68% das áreas cultivadas no território nacional, com mais de 94 variedades de cana já desenvolvidas.
De acordo com o pesquisador do PMGCA e diretor Técnico da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas - Asplana, Antônio Rosário, as variedades RB 07818, 07814 E 07819 estão entres as mais solicitadas pelo setor, levando em conta as características do Nordeste.
“O genótipo da cana tem que ocupar o topo máximo da pirâmide e sobressair aos fatores externos, explorando o potencial da cultura, fortalecendo a capacidade da planta em se relacionar com todos os fatores para que apresente maturação precoce”, explicou Rosário.
A variedade RB 078198, por exemplo, segundo Rosário, possui maturação super precoce, com alto teor de sacarose no início da safra, podendo ser plantada no inverno e verão de forma irrigada. “Planta de um período industrial longo, de setembro ao final da safra. É resistente as ferrugens marrom e alaranjadas, caldo de cor claro, de baixo florescimento no plantio de inverno”, afirmou.
Em Alagoas, uma das unidades industriais que utilizam as variedades RB é a usina Santo Antônio, localizada em São Luís do Quitunde/AL. Segundo Marcos Maranhão, diretor agrícola, a unidade possui cerca de 18% do canavial plantado com a variedade 818, respondendo a 5,5 mil hectares junto com sua segunda unidade, a Usina Camaragibe. Testada comercialmente, a proposta é renovar o canavial e corrigir a produtividade.
“O programa junto com a Ridesa tem extraído o melhor do nosso solo por aplicar semente de alta qualidade. É uma cana de início de safra, num momento onde o fornecedor não tem cana pronta e essa variedade vem fazendo esse papel assim com a variedade RB 579, que é para meio de ano”, relatou.
Para Fábio Brito, superintendente da usina Santo Antonio, o bom comportamento das variedades vem da escolha pautada no manejo varietal adotado pela unidade sucroenergética. “O planejamento pediu renovação, já que há quase seis anos não era substituída nessa área onde aplicamos a variedade 818. Esse material vem fazendo a diferença, considerando inverno e verão. A meta é atingir 20% da área todos os anos, plantando 5,5 mil hectares. Uma cana de idade nova, média de produtividade boa, tem poder de recuperação maior em caso de seca, além da garantia técnica que a Ridesa oferece. Boa parte é testada na Santo Antônio”, informou.


Subestação
O Grupo Santo Antônio conta com uma subestação de pesquisa em parceria com o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar da Ridesa. Mais de 200 clones estão em estudo. Os que se destacam são passados para uma área comercial. Nessa área da usina, são testadas, em média, até 15 variedades. As que têm melhor desempenho, têm ampliadas a área de cultivo.
Ridesa
A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Sucroenergético foi formada por um convênio de cooperação técnica entre dez universidades federais. Estando entre elas, a Ufal. As atividades de pesquisa da Ridesa são desenvolvidas e partilhadas entre todas as universidades, estimulando-se o intercâmbio de informações, de conhecimento e de resultados.
Em breve, segundo o pesquisador Antônio Rosário, serão liberadas as variedades: RB 01494, RB943047, RB08791, RB011549, RB041441 e RB0442.
Alagoas
De acordo com dados de 2019, em Alagoas, as variedades RB ocupam 69% de toda a área plantada da zona canavieira do Estado estimada em quase 121 mil hectares.
Segundo censo varietal Alagoas, o restante da área plantada é ocupada por demais variedades de cana com destaque para a SP que corresponde a 17% do território; VAT com 7%; CTC com 3%; UPR 1%; CT 0,4%; IAC com 0,03%; PO com 0,02%; Com 0,02% e diversas outras variedades que juntas somam 2% da área plantada.