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Nº 5881
Rural

Asplana quer apoio do governo para reabrir usinas em Alagoas

Diante dos exemplos de sucesso de fornecedores que se uniram e criam cooperativas para reabrir usinas fechadas, produtores de cana pedem incentivo do Estado para ampliar iniciativa em Alagoas

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 13/02/2021 - Matéria atualizada em 13/02/2021 às 04h00

/Uruba, comandada por cooperativa de fornecedores de cana, deve produzir mais de 93 mil toneladas de açúcar
/Em reunião com secretário Santoro, diretores da Asplana alertaram que usinas poderão ser reabertas se houver um incentivo específico dado pelo governo
/Em Pernambuco, usina da COAF também é um dos exemplos de sucesso do cooperativismo para reabertura de plantas industriais paradas
/Usina Roçadinho seria uma das unidades industriais que poderia voltar a operar em Alagoas

A reabertura em 2015 da usina Uruba, localizada no município de Atalaia e fechada em 2012, é um caso de sucesso na economia alagoana. A indústria pertence a massa falida da Laginha Agroindustrial S/A e poderia ter hoje o mesmo destino de outras duas unidades do Grupo João Lyra: um monte de maquinário sendo comido pela ferrugem, terras improdutivas ou invadidas. Esse é o cenário, hoje, das usinas Guaxuma, em Coruripe, e da Laginha, em União dos Palmares.

Mas não são apenas essas duas unidades existentes em Alagoas que estão fechadas e que podem ter o mesmo destino da Uruba, que passou a gerar emprego e renda na região onde está instalada. 

Atualmente, a Uruba é administrada pela Cooperativa dos Produtores Rurais do Vale do Satuba (Coopervales), uma cooperativa de fornecedores de cana, que tem base em Murici e região e conseguiu não só retomar a operação da indústria, mas também recuperou os canaviais que estavam abandonados pelo Grupo JL.

Despertando interesse de grupos industriais e o apoio do governo, usinas que estão fechadas, a exemplo da Porto Alegre (Colônia Leopoldina), Roçadinho (São Miguel dos Campos) e Terra Nova (Pilar) poderão ser reabertas.


Uruba, comandada por cooperativa de fornecedores de cana, deve produzir mais de 93 mil toneladas de açúcar
Uruba, comandada por cooperativa de fornecedores de cana, deve produzir mais de 93 mil toneladas de açúcar - Foto: Divulgação
 

A diretoria da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas (Asplana) avalia que, no caso de Alagoas, o processo de reabertura de algumas unidades está amadurecido. O que faltaria, agora, seria a criação de um ambiente competitivo no Estado. “Em Pernambuco várias usinas já foram reabertas com a criação de um incentivo específico. O que queremos é uma legislação semelhante. Isso possibilitaria a reabertura de, no mínimo, uma indústria”, aponta o presidente da Asplana, Edgar Filho.

O que Pernambuco tem de diferente, segundo o dirigente da entidade que representa mais de sete mil fornecedores de cana alagoanos, é um incentivo fiscal diferenciado apenas para a reabertura de unidades industriais que estão fechadas. “O incentivo assegura condição para o investimento na recuperação destas unidades e ao mesmo gera emprego e renda, beneficiando todo o Estado”, ponderou. 


Em reunião com secretário Santoro, diretores da Asplana alertaram que usinas poderão ser reabertas se houver um incentivo específico dado pelo governo
Em reunião com secretário Santoro, diretores da Asplana alertaram que usinas poderão ser reabertas se houver um incentivo específico dado pelo governo - Foto: Divulgação
 

Sefaz

Acompanhado de demais integrantes da diretoria da Asplana, Edgar Filho participou de reunião com o secretário da Fazenda de Alagoas, George Santoro, para apresentar a demanda da entidade ao governo. 

No encontro, o presidente da associação também expos outras propostas para a retomada da produção do setor canavieiro em Alagoas.

Após o encontro, o secretário George Santoro registrou, nas redes sociais, a reunião com a Asplana: “Terminando a semana discutindo sobre o setor sucroalcooleiro. Recebi no gabinete representantes da Asplana Alagoas. O assunto principal da reunião foram novos mecanismos de fomento para os plantadores de cana-de-açúcar do Estado. Além disso, outro tema abordado foi a possibilidade de reabertura de novas plantas industriais fechadas” destacou.


Em Pernambuco, usina da COAF também é um dos exemplos de sucesso do cooperativismo para reabertura de plantas industriais paradas
Em Pernambuco, usina da COAF também é um dos exemplos de sucesso do cooperativismo para reabertura de plantas industriais paradas - Foto: Divulgação
 

Copervales

Com uma perspectiva de produzir mais de 93 mil toneladas de açúcar até a segunda quinzena deste mês, a usina da Copervales aposta no clima favorável para que possa chegar a um crescimento de até 3% nesta safra 20/21. “Nossa expectativa é que pelo menos possamos repetir os números da moagem passada, quando foram processadas 842 mil toneladas de cana”, afirmou Túlio Tenório, presidente da Copervales, destacando a importância econômica do funcionamento da unidade industrial para ao menos 12 municípios da região.  

Para Henrique Acioly, fornecedor de cana e associados da Copervales, a reativação da Uruba renovou as esperanças do setor na região onde a unidade industrial está instalada. “A cooperativa tem um contrato com a massa falida do Grupo JL e subarrenda a área para os cooperados. São cerca de 4.500 hectares e cada cooperado assumiu uma área desde 2014, onde está produzindo. Todo ano, plantamos e investimentos, gerando emprego e renda. Pagamos um arrendamento anual, que é descontado na safra. Mas é um processo que compensa. Temos um nível de produtividade alto em relação ao Estado e com isso compensa o trabalho que temos. A cooperativa, que tem 150 cooperados, gera 2.500 empregos diretos na safra”, afirmou Acioly, lembrando que os custos no plantio e manutenção da cana são altos, que são tirados ao longo dos anos.


Usina Roçadinho seria uma das unidades industriais que poderia voltar a operar em Alagoas
Usina Roçadinho seria uma das unidades industriais que poderia voltar a operar em Alagoas - Foto: Divulgação
 

COAF

Localizada no município de Timbaúba, em Pernambuco, a usina da Cooperativa dos Fornecedores de Cana (Coaf) foi reaberta há seis safras. 

Com 350 trabalhadores na fábrica e mais 4,5 mil nos canaviais dos cooperados, a unidade industrial sina da Cooperativa dos Fornecedores de Cana (Coaf), finalizou esta semana a moagem iniciada em setembro do ano passado. 

A moagem atingiu 750 mil toneladas de cana, quase 13% a menos da safra anterior.  Apesar disso, em função da arrojada decisão em apostar na fabricação de açúcar pela 1ª vez, reduzindo sua prioridade na produção do etanol, a direção da unidade conquista agora bons resultados, devendo chegar ao faturamento de R$ 244,6 milhões.

A aposta no açúcar ante ao etanol, este ainda com 39 milhões de litros produzidos, sendo uma parte voltada para produção do álcool 70º e em gel, também geraram benefícios socioeconômicos. O açúcar demanda mais gente na produção, elevando em 30% o número de contratações na safra, movimentando a economia da região com R$ 6,4 milhões só com salários dos trabalhadores e encargos, além de R$ 6,5 milhões de ICMS.

A unidade ainda se destacou no rendimento produtivo, devendo ficar entre as três usinas mais eficientes quanto à fabricação de açúcar em PE, atingindo uma média de quase 109 kg por tonelada de cana.

Por se tratar de uma cooperativa, a usina Coaf também já se prepara para a distribuição das sobras do faturamento da safra que deve chegar a R$ 244,6 milhões do exercício de 2020. A partilha é feita com todos cooperados que forneceram cana para a usina na safra. “Realizaremos uma assembleia com todos no próximo mês. Vamos decidir justamente de quanto será a sobra para ser dividida”, diz Lima.

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