Asplana quer apoio do governo para reabrir usinas em Alagoas
Diante dos exemplos de sucesso de fornecedores que se uniram e criam cooperativas para reabrir usinas fechadas, produtores de cana pedem incentivo do Estado para ampliar iniciativa em Alagoas
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 13/02/2021 - Matéria atualizada em 13/02/2021 às 04h00
A reabertura em 2015 da usina Uruba, localizada no município de Atalaia e fechada em 2012, é um caso de sucesso na economia alagoana. A indústria pertence a massa falida da Laginha Agroindustrial S/A e poderia ter hoje o mesmo destino de outras duas unidades do Grupo João Lyra: um monte de maquinário sendo comido pela ferrugem, terras improdutivas ou invadidas. Esse é o cenário, hoje, das usinas Guaxuma, em Coruripe, e da Laginha, em União dos Palmares.
Mas não são apenas essas duas unidades existentes em Alagoas que estão fechadas e que podem ter o mesmo destino da Uruba, que passou a gerar emprego e renda na região onde está instalada.
Atualmente, a Uruba é administrada pela Cooperativa dos Produtores Rurais do Vale do Satuba (Coopervales), uma cooperativa de fornecedores de cana, que tem base em Murici e região e conseguiu não só retomar a operação da indústria, mas também recuperou os canaviais que estavam abandonados pelo Grupo JL.
Despertando interesse de grupos industriais e o apoio do governo, usinas que estão fechadas, a exemplo da Porto Alegre (Colônia Leopoldina), Roçadinho (São Miguel dos Campos) e Terra Nova (Pilar) poderão ser reabertas.
A diretoria da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas (Asplana) avalia que, no caso de Alagoas, o processo de reabertura de algumas unidades está amadurecido. O que faltaria, agora, seria a criação de um ambiente competitivo no Estado. “Em Pernambuco várias usinas já foram reabertas com a criação de um incentivo específico. O que queremos é uma legislação semelhante. Isso possibilitaria a reabertura de, no mínimo, uma indústria”, aponta o presidente da Asplana, Edgar Filho.
O que Pernambuco tem de diferente, segundo o dirigente da entidade que representa mais de sete mil fornecedores de cana alagoanos, é um incentivo fiscal diferenciado apenas para a reabertura de unidades industriais que estão fechadas. “O incentivo assegura condição para o investimento na recuperação destas unidades e ao mesmo gera emprego e renda, beneficiando todo o Estado”, ponderou.
Sefaz
Acompanhado de demais integrantes da diretoria da Asplana, Edgar Filho participou de reunião com o secretário da Fazenda de Alagoas, George Santoro, para apresentar a demanda da entidade ao governo.
No encontro, o presidente da associação também expos outras propostas para a retomada da produção do setor canavieiro em Alagoas.
Após o encontro, o secretário George Santoro registrou, nas redes sociais, a reunião com a Asplana: “Terminando a semana discutindo sobre o setor sucroalcooleiro. Recebi no gabinete representantes da Asplana Alagoas. O assunto principal da reunião foram novos mecanismos de fomento para os plantadores de cana-de-açúcar do Estado. Além disso, outro tema abordado foi a possibilidade de reabertura de novas plantas industriais fechadas” destacou.
Copervales
Com uma perspectiva de produzir mais de 93 mil toneladas de açúcar até a segunda quinzena deste mês, a usina da Copervales aposta no clima favorável para que possa chegar a um crescimento de até 3% nesta safra 20/21. “Nossa expectativa é que pelo menos possamos repetir os números da moagem passada, quando foram processadas 842 mil toneladas de cana”, afirmou Túlio Tenório, presidente da Copervales, destacando a importância econômica do funcionamento da unidade industrial para ao menos 12 municípios da região.
Para Henrique Acioly, fornecedor de cana e associados da Copervales, a reativação da Uruba renovou as esperanças do setor na região onde a unidade industrial está instalada. “A cooperativa tem um contrato com a massa falida do Grupo JL e subarrenda a área para os cooperados. São cerca de 4.500 hectares e cada cooperado assumiu uma área desde 2014, onde está produzindo. Todo ano, plantamos e investimentos, gerando emprego e renda. Pagamos um arrendamento anual, que é descontado na safra. Mas é um processo que compensa. Temos um nível de produtividade alto em relação ao Estado e com isso compensa o trabalho que temos. A cooperativa, que tem 150 cooperados, gera 2.500 empregos diretos na safra”, afirmou Acioly, lembrando que os custos no plantio e manutenção da cana são altos, que são tirados ao longo dos anos.
COAF
Localizada no município de Timbaúba, em Pernambuco, a usina da Cooperativa dos Fornecedores de Cana (Coaf) foi reaberta há seis safras.
Com 350 trabalhadores na fábrica e mais 4,5 mil nos canaviais dos cooperados, a unidade industrial sina da Cooperativa dos Fornecedores de Cana (Coaf), finalizou esta semana a moagem iniciada em setembro do ano passado.
A moagem atingiu 750 mil toneladas de cana, quase 13% a menos da safra anterior. Apesar disso, em função da arrojada decisão em apostar na fabricação de açúcar pela 1ª vez, reduzindo sua prioridade na produção do etanol, a direção da unidade conquista agora bons resultados, devendo chegar ao faturamento de R$ 244,6 milhões.
A aposta no açúcar ante ao etanol, este ainda com 39 milhões de litros produzidos, sendo uma parte voltada para produção do álcool 70º e em gel, também geraram benefícios socioeconômicos. O açúcar demanda mais gente na produção, elevando em 30% o número de contratações na safra, movimentando a economia da região com R$ 6,4 milhões só com salários dos trabalhadores e encargos, além de R$ 6,5 milhões de ICMS.
A unidade ainda se destacou no rendimento produtivo, devendo ficar entre as três usinas mais eficientes quanto à fabricação de açúcar em PE, atingindo uma média de quase 109 kg por tonelada de cana.
Por se tratar de uma cooperativa, a usina Coaf também já se prepara para a distribuição das sobras do faturamento da safra que deve chegar a R$ 244,6 milhões do exercício de 2020. A partilha é feita com todos cooperados que forneceram cana para a usina na safra. “Realizaremos uma assembleia com todos no próximo mês. Vamos decidir justamente de quanto será a sobra para ser dividida”, diz Lima.