Um super tomate de quase 500 gramas. A variedade ainda é pouco vista nas mesas dos consumidores mas vem ganhando cada vez mais espaço no mercado regional. O produto, que vem da agricultura familiar, da lavoura de quatro tarefas de terras do produtor Humberto Cavalcante, localizadas na zona rural do município de Viçosa, em Alagoas, já chegou a bater a média de produção de estados fornecedores, a exemplo da Bahia. A produção da última safra contabilizou o recorde de 65 mil toneladas após setenta dias de cultivo e três semanas d e colheita.
A plantação foi iniciada há três anos e segue o tradicional modelo rasteiro. O diferencial da produção está, segundo o produtor, na seleção de sementes de genética, que são a IGOR 50-40, com as mudas são desenvolvidas em Arapiraca.
De acordo com Humberto, o segredo da lavoura bem-sucedida, segundo o produtor, agrega um conjunto de fatores entre um bom solo, clima e nutrição.
“A lavoura passou por uma competição de variedades e o sistema de cultura priorizou a irrigação por gotejamento e a adubação fracionada. Isso funciona porque quanto mais parcelar a nutrição, a resposta desse cultivar é bem melhor. A amplitude térmica, o solo sem impedimentos e o manejo de pragas e doenças também contribuem diretamente para o potencial desse tomate”, ressaltou Humberto.
De acordo com a engenheira agrônoma que prestou consultoria no processo de produção, Cassia Araújo, cada tomateiro fornece cerca de 90 unidades a cada safra. “Essa variedade faz um camaleão muito alto, com acamamento bom e que não encosta no solo, deixando o fruto limpo. No final, temos um produto bem aceito, que aguenta caixa, o que significa mais durabilidade para que o comerciante não tenha prejuízo”, informou.
Dia de Campo
Diante das conquistas econômicas que a produção do super tomate pode proporcionar a agricultura familiar ao município, um dia de campo foi promovido pelo prefeito de Viçosa, João Victor Calheiros, com a finalidade de difundir o produto.
O evento, que contou com a participação do secretário Estadual da Agricultura, João Lessa e do presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos, levou um grupo de pequenos produtores para conhecer de perto a área de produção e experimental.
A aptidão da região, que possui clima favorável e solo fértil para a cultura, foi reconhecida pelo presidente da Pindorama. “A gestão de João Victor começa dando um grande passo, com a sensibilidade de reconhecer uma cultura viável para o município. Essa é uma atividade simples, mas que com o apoio em base técnica de produção possui potencial para tornar Viçosa um município produtor. Só nessa produção temos a média de produtividade do Nordeste “, observou Santos.
Apesar de não ter tradição no município de Viçosa, o tomate é uma das apostas da gestão do prefeito João Victor Calheiros para diversificar a produção entres os pequenos produtores. Na oportunidade, Calheiros recebeu dos produtores a solicitação para a abertura de uma central de produção e formação de banco de dados do segmento.
“Viçosa tem o potencial produtivo para diferentes culturas por ter um clima estável e ameno durante. Nosso trabalho é fortalecer esse pequeno produtor, dando condição e assistência para a manutenção do emprego e renda. Já recebemos a demanda deles de implantar uma central de produção de banco de dados e temos total condições de desenvolvermos. Essa é uma cultura provada, que está pronta para ser multiplicada”, pontuou o prefeito.
Além do Dia de Campo para conhecer o funcionamento da lavoura do tomate, os produtores participaram de uma palestra com a equipe da Koppert Biological Systems e receberam doados alevinos da Secretaria de Estado da Agricultura.
O secretário João Lessa reforçou o compromisso do Estado a fornecer assistência técnica. “Um projeto regrado pelo estudo e a pesquisa, com planejamento e execução. Uma ideia muito boa que será aproveitada para que a agricultura amplie sua atuação em toda a região. Nos colocamos a disposição para sermos parceiros também nessa iniciativa”, destacou.
Padrão
Plantado no sistema rasteiro, a tomaticultura localizou na variedade de semente IGOR 50-40 uma caracterização variável, podendo conceber um tomate de 430 gramas e ao mesmo tempo atender ao comércio com o produto padrão de 280 gramas.
“Diferente do tomate de indústria, o tomate plantado com fim de prateleira, com essa semente em especial, não tem uniformidade de tamanho e nem idade, o que é ideal para não centralizar a colheita e passarmos cerca de quatro semanas colhendo, podendo ampliar o alcance dos clientes feirantes, por exemplo”, disse o produtor rural Humberto Cavalcante.
Para a clientela, os ganhos são ainda maiores. A qualidade do tomate permite que o fruto mantenha a rigidez pelo menos por mais 15 dias. “Após a colheita, é muito importante o tomate aguentar a caixa. Essa durabilidade vem do nosso sistema de plantio que evita a formação bolsa de água”, afirmou Cavalcante.
Acima da média de Alagoas, a produção de Viçosa deve virar referência no Nordeste. Segundo o secretário municipal de Agricultura, Emmanuel Lobo, no primeiro ano da tomaticultura, foram obtidas 250 caixas por cada mil plantas. A safra atual deve chegar a 90 mil toneladas.
“Agora podemos comprovar que Viçosa tem potencial. Temos solo profundo sem pigmentos e apesar das trovoadas, temos período de seca bem definido no qual essa variedade se mostrou resistente ao clima. Com isso, o produtor vai conseguir produzir tomate em larga escala, conduzir o seu trabalho apoiado numa estratégia de produção bem estudada de ciclo curto e com o mínimo de pulverização possível. Sem contar que o custo de produção é um pouco mais baixo devido a baixa reincidência de pragas e qualidade do solo”, contou Lobo.