ALAGOAS GANHA PRIMEIRA FÁBRICA DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR
Nessa primeira etapa, serão atendidos os mais de dois mil cooperados associados à CPLA; UBL tem capacidade inicial de processar 100 mil litros de leite
Por Editoria do Gazeta Rural com assessoria | Edição do dia 11/06/2022 - Matéria atualizada em 11/06/2022 às 04h00
O fechamento da antiga Camila (Cooperativa Agropecuária de Major Isidoro) foi um pesadelo para a bacia leiteira de Alagoas. A cooperativa que um dia foi Cila, depois Camil e, finalmente Camila encerrou suas atividades em janeiro de 2009. A crise se agravou após a mudança na gestão da empresa que culminou com a falência.
A empresa, sediada em Batalha, foi responsável durante várias décadas – especialmente no período em que esteve sob o comando de Luiz Dantas – pelo desenvolvimento da bacia leiteira de Alagoas e pelo emprego de milhares de trabalhadores no campo e na indústria.
A região sentiu negativamente – com redução nos empregos e na renda dos produtores – o impacto do fechamento da única fábrica de leite em pó de Alagoas (que era sediada em Batalha) e de outros negócios da Camila na região.

RECOMEÇO
Do pesadelo para o sonho. Na segunda-feira passada, dia 06, Alagoas ganhou a primeira fábrica de laticínios da agricultura familiar. O antigo parque industrial da Camila foi arrematado em leilão por cooperados da CPLA há dez anos. E após um intenso processo de investimentos, que contou com recursos do Governo de Alagoas, bancada federal do Estado, Governo Federal e recursos próprios, a Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL) se tornou um empreendimento arrojado, projetado para atender mais de cinco mil pequenos produtores.
No mesmo espaço em que um dia foi a fábrica da Camila está sendo montada a maior e mais avançada planta de leite em pó do Nordeste e única da agricultura familiar da região, com investimentos que passam dos R$ 40 milhões.
A planta, avisa o presidente da cooperativa, Aldemar Monteiro, foi construída para dar suporte à produção de mais de dois mil cooperados que estão ligados à CPLA atualmente. “Com o pleno funcionamento da UBL vamos poder atender mais de cinco mil pequenos produtores e ter uma capacidade instalada de processar mais de 600 mil litros de leite por dia. Esse é um sonho da CPLA e de toda a agricultura familiar, que graças a Deus está se tornando realidade”, aponta.
FASE
Nesta primeira fase, inaugurada nesta semana, a indústria vai operar, inicialmente, com capacidade de processamento de 100 mil litros, com produção de leite pasteurizado, linha de fermentados, creme de leite e manteiga. Com isso, serão gerados 40 empregos diretos e mais de mil empregos indiretos, beneficiando mais de dois mil pequenos produtores de leite da região da bacia leiteira.


INAUGURAÇÃO
A nova unidade foi instalada com recursos do Governo de Alagoas, por meio de termo de fomento da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura – Seagri e contrapartida da CPLA.
A solenidade de inauguração da UBL contou com a presença do governador Paulo Dantas, mediando a solenidade que reuniu autoridades governamentais e municipais, além de representantes do governo federal e do Congresso Nacional, contando também com a participação de agricultores familiares associados da CPLA e de toda a região da Bacia Leiteira.
Paulo Dantas assegurou a manutenção de investimentos e liberação de recursos para a indústria e foi decisivo para consolidar o projeto, segundo a diretoria da CPLA. Coube ao chefe do Executivo Estadual acionar o botão de uma das máquinas acoplada a um caminhão de leite, dando o pontapé inicial para um novo tempo na Bacia Leiteira alagoana.
“Quis o destino que justamente um governador batalhense tivesse o prazer de reabrir esta fábrica que vai ofertar um novo horizonte para os mais de dois mil associados da CPLA, que adquiriu em suas instalações o que há de mais moderno em tecnologia para torná-la em breve espaço de tempo uma das maiores do Nordeste”, destacou Paulo Dantas, ao lembrar que seu pai fora presidente por quase três décadas da antiga Camila.
“A UBL é uma conquista aguardada há vários anos e veio com muita luta e muito trabalho. Após 14 anos, conseguimos abrir a fábrica CPLA. Um sonho para os produtores de leite do Sertão e da Bacia Leiteira do Estado. Muito orgulhoso, como deputado federal, de ter viabilizado os recursos para que esse sonho chegasse. Com a fábrica funcionado, haverá uma valorização dos produtos que ela irá gerar, abrindo novos empregos e fomentando a economia”, declarou o deputado federal Marx Beltrão.
“Realizamos mais um sonho para produtores e agricultores do Sertão de Alagoas. Melhor ainda é saber que a UBL vai beneficiar cerca de dez mil agricultores, gerando emprego, renda e trabalho no Sertão alagoano. Serão 100 mil litros de leite pasteurizado e 35 mil litros de iogurte, bebidas lácteas, leite fermentado, além de 40 toneladas de manteiga por mês”, comemorou Maykon Beltrão.
“A CPLA dá um passo importante na sua organização produtiva com a inauguração da UBL de Batalha. Essa é uma conquista do cooperativismo. É um importante instrumento do cooperativismo da Bacia Leiteira de Alagoas que é a fábrica da CPLA”, destacou Antonino Cardozo, presidente da Unicafes/AL.
Na ocasião, foi feita uma homenagem com uma placa ao fundador da CPLA, Fernando Medeiros, já falecido, representado na solenidade por seus familiares.

CADEIA PRODUTIVA
A Cadeia Produtiva do Leite é a principal atividade econômica em 20 municípios alagoanos. Com um rebanho de cerca de 250 mil vacas, a produção anual supera os 600 milhões de litros, tendo a maior produtividade do Nordeste.
Grande parte da produção é da agricultura familiar, segmento que vem recebendo incentivos do governo de Alagoas, através de programas de melhoramento genético, assistência técnica e especialmente do PAA Leite.
Além de atender mais de 100 mil famílias nas cidades, o programa de leite garante inclusão social e produtiva para mais de 3 mil agricultores familiares.
“O programa do leite foi e continua sendo fundamental para a agricultura familiar de Alagoas. Foi esse programa que garantiu renda ao produtor, dando a ele condição de chegar até aqui. O programa precisa continuar. Mas com a UBL, a agricultura familiar ganha uma nova modalidade de comercialização de sua produção e com isso poderá ampliar sua atividade, fortalecendo toda a economia da região”, aponta Aldemar Monteiro.