Rural
Cooperativa de AL provoca ‘reviravolta’ no setor leiteiro do Brasil
Com investimentos que ultrapassam os R$ 50 milhões, o projeto era considerado um grande desafio e passará, agora, a produzir também leite em pó


A primeira fábrica de leite em pó da agricultura familiar do Norte e Nordeste do Brasil, já está pronta. A indústria da Cooperativa da Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) começou a operar em fase experimental na quarta-feira passada, dia 12.
“Conseguimos fabricar a primeira leva de leite em pó. É um grande passo, a realização de um antigo sonho”, comemorou o presidente da CPLA, Aldemar Monteiro, que acompanho ao lado de técnicos e colaboradores o teste operacional da secadora de leite em pó, realizado na Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL) de Batalha.
Com investimentos que superaram os R$ 50 milhões, o projeto era um grande desafio. Do fechamento da antiga fábrica da Camila a reabertura da planta, agora com equipamentos de ponta e capacidade ampliada, foram mais de 14 anos.
Do pesadelo ao sonho, muita gente ajudou a CPLA a construir um projeto único no Norte e Nordeste do país.
A planta, avisa Aldemar Monteiro, vai processar inicialmente a produção de mais de dois mil cooperados ligado à CPLA atualmente: “com o pleno funcionamento da UBL vamos poder atender mais de cinco mil pequenos produtores e ter uma capacidade instalada de processar mais de 600 mil litros de leite por dia”, aponta
A UBL da CPLA será a única planta de leite em pó da agricultura familiar nas duas regiões e com isso pode ocupar espaço num mercado cativo – o das compras públicas – que passa de R$ 40 milhões por ano somente em produtos para a merenda escolar.
Por meio do PAA, a CPLA também poderá participar por exemplo de chamadas públicas para aquisição de leite em pó para cestas básicas da Conab ou abastecer órgãos públicos (hospitais, universidades), com um mercado potencial de mais de R$ 200 milhões no Brasil.
A Cooperativa já opera a planta de leite pasteurizado e fermentado desde junho de 2022 (veja abaixo), atendendo principalmente o programa do leite. Com a nova planta, a expectativa da CPLA é atuar no setor de compras públicas, fazer a prestação de serviços para outras empresas e lançar, ainda este ano, uma marca própria no mercado privado.

Projeto mais amplo
A UBL, avisa Aldemar Monteiro, representa uma virada de chave, uma reviravolta no setor leiteiro do Brasil. “Foi muito duro chegar até aqui. Muitos não acreditam, alguns tentaram nos atrapalhar. Conseguimos. Esta fábrica vai funcionar para atender milhares de pequenos produtores, de agricultores familiares, que passarão a ter a garantia de novos mercados, preço mais jutos e tratamento correto. Não vamos mais depender só do programa do leite”, aponta.
Nesta fase, ainda de testes, Aldemar avisa que a cooperativa tem contado com o apoio do governador Paulo Dantas e do prefeito de Batalha, Wagney Dantas, para realizar obras complementares, como pavimentação do pátio de acesso a fábrica ou a destinação de área para geração de energia solar. “Além disso, o prefeito e o governador estão trabalhando para garantir, por exemplo, o fornecimento de gás enganado e água bruta para nossa indústria, insumos essenciais para a fábrica funcionar com competitividade”, adianta.
A estimativa é que tudo estará pronto nas próximas semanas. “Dentro de 15 dias devemos operar com tudo funcionando plenamente”, aponta Monteiro.
Do início ao recomeço
O processo começou com a compra do prédio que abrigou a antiga fábrica da Camila, há cerca de dez anos. Com a ajuda da bancada federal, especialmente do ex-deputado federal Givaldo Carimbão, do governo de Alagoas e participação efetiva de todo seu quadro de cooperados, colaboradores e diretores, a CPLA conseguiu tirar o projeto do papel e colocar a fábrica em operação.
Ex-prefeito de Batalha, cooperado da CPLA, produtor de Leite, o governador Paulo Dantas, teve a sorte – literalmente – de ajudar, desde o início, a viabilizar o projeto. Agora, já está está até programando na agenda uma vinda do presidente Lula para a inaugurar a fábrica que irá atender mais de 5 mil agricultores familiares de Alagoas. Mas essa é outra história.
Com a nova etapa, UBL irá fabricar, além do leite em pó, soro de leite, leite condensado e queijo mussarela. “Com a entrada em operação desta nova operação, a fábrica passa a ter capacidade de receber 400 mil litros de leite por dia, fornecido por mais de cinco mil produtores”, afirmou Monteiro.
Segundo o presidente da CPLA, só para a produção do leite em pó serão destinados mais de 250 mil litros de leite/dia, resultando na fabricação diária de 30 toneladas.