Produtores participam do Circuito de Resultados do Campo Futuro
Encontro promovido pela CNA, em parceria com a Faeal e Senar-AL, foi realizado na Fazenda Santo Antônio, em São Miguel dos Campos
Por Editoria do Gazeta Rural com assessoria | Edição do dia 23/09/2023 - Matéria atualizada em 23/09/2023 às 04h00
Produtores rurais, técnicos, consultores e representantes de entidades setoriais participaram, no último dia 13, do segundo encontro do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro, para divulgar os custos de produção da cana-de-açúcar na safra 22/23 no Nordeste e 23/24 no Centro-Sul.
O evento foi promovido pela CNA, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (Faeal), na Fazenda Santo Antônio, em São Miguel dos Campos.
Na abertura do circuito, que contou com a presença de mais de 80 participantes, o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, destacou a importância da cana para a geração de renda e emprego no Estado. “Essas discussões sobre novas tecnologias e melhoramento de custos são fundamentais e de grande interesse para os produtores” afirmou.

O vice-presidente da Faeal, Edilson Maia, conduziu uma visita técnica a campo para mostrar novas tecnologias voltadas a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. “Proporcionamos um dia como esse para trazer melhores resultados e informações para continuidade da atividade da cana-de-açúcar em nosso estado”, diz.
De acordo com a assessora técnica da CNA, Eduarda Lee, neste ano, foram realizados 15 painéis de levantamento de custos da cana em Goiatuba e Rio Verde (GO), Iturama e Campo Florido (MG), Dourados (MS), Nova Olímpia (MT), Jacarezinho (PR), Recife (PE), João Pessoa (PB), Maceió, Barretos, Penápolis, Batatais, Pirassununga e Bebedouro (SP), com o apoio de técnicos do Pecege Consultoria e Projetos.
Durante o evento, a analista de Custos do Pecege, Ana Carolina França, apresentou as análises de custos de produção da cana e o comparativo entre regiões. Segundo ela, o Nordeste registrou produtividade média de 68,8 toneladas por hectare e 123,5 Kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR)/ton. Para a região Centro-Sul, os valores médios foram de 82,5 t/ha e 136,7 kg de ATR/ton.
Ana informou que na região Nordeste, onde a safra 22/23 ainda seguiu pressionada pelo preço dos insumos, a recuperação de 17% na produtividade impactou na melhor diluição dos custos fixos em R$/ton. Para a região Centro-Sul, os bons resultados de produtividade e a redução nos preços dos insumos, principalmente na classe dos fertilizantes, contribuíram para a redução nos custos de produção.

Na média dos levantamentos, a composição do Custo Total (CT) da cultura é representada principalmente por tratos de cana soca (23%), colheita (24%) e remuneração da terra (20%). Em relação aos custos com insumos na cultura da cana, a analista afirmou que, no Nordeste, eles representaram 29% do Custo Total na Safra 2022/23. Quanto aos fertilizantes, estes continuaram representando cerca de 62% dos gastos gerais com insumos.
“Avaliando os resultados da região Nordeste, os valores de margem e lucro foram semelhantes aos encontrados no levantamento passado. Os insumos, em especial fertilizantes e diesel e custos relacionados à mão de obra continuaram impactando nos resultados da região”, disse Ana Carolina.
No evento, também foram realizadas palestras com Gustavo Santos da KP Consultoria, sobre fertilizante organomineral na produção de cana-de-açúcar e do professor da Esalq/USP, Pedro Yamamoto, que abordou o controle biológico de pragas na cultura da cana.
No circuito, o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Perez, também esclareceu os principais pontos do Projeto de Lei 3149/2020, que trata do repasse de parte da receita gerada pelos Créditos de Descarbonização (CBios) aos produtores independentes de biomassa. O PL está na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.