Ciência
Pesquisa de tecnologia e sustentabilidade beneficia agricultores do semiárido
Projeto oferece soluções para uso eficiente da água e melhoria do planejamento agrícola no Sertão alagoano

Melhorar a produção agrícola familiar em regiões de clima adverso exige mais do que esforço diário no campo: exige ciência. Foi com essa perspectiva que o pesquisador Adolpho Quintela desenvolveu o projeto “Tecnologias sustentáveis em cultivos irrigados para agricultura familiar no semiárido alagoano”.
A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, foi concluída em fevereiro de 2025. O estudo foi conduzido ao longo de dois anos no Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), sob coordenação do professor Alexsandro Almeida, doutor em irrigação e drenagem, com experiência internacional na Austrália.
O objetivo principal do projeto foi oferecer soluções técnicas e científicas para o uso eficiente da água na irrigação e aprimorar o planejamento agrícola de produtores rurais do Sertão alagoano.
Segundo Adolpho Quintela, o projeto nasceu da necessidade de resolver um problema recorrente no semiárido: a escassez de água e a irrigação mal planejada. “A agropecuária no semiárido é uma atividade de alto risco. A construção do Canal do Sertão representa uma oportunidade para produção contínua de alimentos, mas sem o manejo correto da irrigação, os riscos ambientais são altos”, explicou.
Em parceria com estudantes do Laboratório de Irrigação e Agrometeorologia (LIA) do PPGA, Quintela realizou testes de infiltração de água no solo e análises laboratoriais em diversas propriedades rurais. A partir dos dados coletados, foram desenvolvidas estimativas da necessidade hídrica de diferentes culturas, utilizando linguagem computacional para acelerar e automatizar as análises.
Essas informações foram cruzadas com bancos de dados climáticos e de manejo de solo, permitindo identificar o tipo de solo mais adequado para cada cultivo, o melhor período de semeadura e o intervalo ideal entre irrigações, conhecido como turno de rega. “Esses dados são fundamentais para que os produtores planejem suas atividades com mais segurança, alcancem boas produtividades e preservem os recursos naturais”, ressaltou o pesquisador.
Práticas de manejo do solo
O uso indiscriminado da irrigação em áreas de solo com baixa capacidade de retenção hídrica pode gerar impactos sérios como erosão, salinização, desertificação e desperdício de água. Por isso, o projeto enfatiza o uso racional da água, baseado em conhecimento técnico, buscando equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.
“Com os dados obtidos, conseguimos definir práticas de manejo específicas para cada solo e cultura. Isso não só reduz o consumo de água, como também aumenta a renda dos agricultores, tornando os cultivos mais eficientes”, destacou Quintela.
