Chuvas
Clima pode atrasar início da safra 24/25, mas expectativa é de maior rendimento industrial
Usinas alagoanas devem postergar moagem e iniciar colheita apenas no mês de setembro

A irregularidade climática registrada em Alagoas — marcada pela escassez de chuvas entre outubro de 2024 e março de 2025 — pode provocar atraso no início da safra de cana-de-açúcar 2024/2025. A avaliação é do presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros – Regional Leste (STAB Leste), Cândido Carnaúba, que, apesar da preocupação, projeta ganhos no rendimento industrial.
Segundo ele, o déficit hídrico comprometeu o desenvolvimento da socaria da cana, o que deve postergar o começo da moagem em usinas como Santo Antônio e Pindorama. “Provavelmente, as usinas que costumam iniciar a safra em agosto só devem começar em setembro. Isso por causa do tamanho da cana. Mas, na realidade, a gente sabe que quem manda é o bolso. Às vezes, a necessidade de receita leva à colheita de cana pequena, o que representa prejuízo”, afirmou.
Apesar da redução na produtividade, Carnaúba destaca que o rendimento industrial teve um incremento de 12 a 15 kg de Açúcar Recuperável Total (ART) por tonelada em comparação com o ano anterior. “Moemos cerca de um milhão de toneladas a menos, mas produzimos praticamente a mesma quantidade de ART”, explicou.
Outro ponto positivo, segundo ele, é a redução de custos operacionais. “Quando você colhe menos, transporta menos, processa menos e, consequentemente, gasta menos. O faturamento, no entanto, deve se manter estável”, disse.
PROJEÇÃO DEPENDE DAS CHUVAS
Carnaúba ressalta que o atraso e a queda na produtividade podem ser compensados caso o próximo verão registre boas chuvas. “Se outubro, novembro e dezembro forem chuvosos, poderemos recuperar o que não tivemos na safra anterior”, avaliou.
Ainda assim, ele alerta para os efeitos adversos de precipitações intensas em curtos períodos. “Tivemos mais de 400 mm de chuva em quatro dias, superando o acumulado dos quatro primeiros meses do ano. Esse excesso, embora tenha abastecido o lençol freático, pode carrear nutrientes e dificultar o desenvolvimento da planta, que precisa de luz e temperatura, além de água”, observou.
O especialista pondera que o ciclo da cana em 2026 ainda pode ser positivo, dependendo do comportamento climático nos próximos meses. “Setembro e outubro são os meses de maior crescimento, por causa da insolação, da temperatura e da umidade no solo. Se novembro também for chuvoso, teremos um cenário ainda mais favorável”, concluiu.
