Laticínios
Chegada da Betânia a Alagoas anima produtores de leite
Maior indústria de lácteos do Nordeste deve iniciar operação no município de Batalha, em meio à crise do setor

A cadeia produtiva do leite em Alagoas atravessa um período de forte pressão. A queda no preço pago ao produtor, as dificuldades para escoar o leite cru para Pernambuco e o avanço das importações de derivados têm imposto um cenário de incertezas, sobretudo para pequenos e médios fornecedores.
Nesse contexto adverso, uma notícia que circula na região de Batalha tem reacendido o otimismo entre os produtores: a empresa Betânia, considerada a maior indústria de lácteos do Nordeste, estaria prestes a iniciar operações no município. Informações confirmadas por diferentes produtores locais indicam que representantes da companhia já mantêm diálogo direto com fornecedores da região.
A expectativa é que a Betânia passe a operar em uma planta industrial pertencente a uma cooperativa de pequenos produtores de Batalha. As negociações envolvem tanto a captação quanto o processamento do leite na própria unidade, o que ampliaria o impacto econômico da operação e consolidaria o papel do município como polo agroindustrial.
A reação positiva do setor se deve à expressiva dimensão da Betânia. Com sede no Ceará, a empresa é líder em leite UHT e iogurtes no Nordeste. Possui cinco fábricas, doze centros de distribuição e mantém parceria com mais de 3,5 mil famílias produtoras, em aproximadamente 130 municípios. A companhia coleta mais de 1,1 milhão de litros de leite por dia e abastece mais de 57 mil pontos de venda — estrutura que a posiciona como âncora de mercado nos estados onde atua.
Embora outras indústrias de porte nacional já operem em Alagoas, a possível entrada da Betânia acontece em um momento de tensão para os produtores. A comercialização de leite cru com Pernambuco enfrenta entraves logísticos e tributários, o que pode dificultar o escoamento da produção local. Nesse cenário, a instalação de uma nova indústria no coração da bacia leiteira alagoana, com capacidade de processamento local, tende a ampliar a demanda, gerar concorrência entre compradores e reduzir a dependência de mercados externos.
Fontes do setor afirmam que as tratativas com a cooperativa alagoana estão em estágio avançado e que a empresa demonstra forte interesse em consolidar presença no estado. Produtores relataram visitas técnicas, discussões sobre volumes disponíveis e análise das estruturas já existentes em Batalha.
Se confirmada, a operação deve gerar impactos significativos em toda a cadeia produtiva. A presença da Betânia pode ampliar o escoamento da produção, fortalecer o poder de negociação dos fornecedores, atrair novos investimentos e gerar empregos diretos e indiretos na região. Além disso, reforçaria a infraestrutura de processamento em um momento em que o mercado busca alternativas para enfrentar oscilações de preço e gargalos logísticos.

